Ao criar este espaço, não direcionei sua função primordial à exposição de estabelecimentos gastronômicos requintados e/ou caros, uma vez que meu intuito seria justamente apresentar locais acessíveis a todos os viajantes interessados em dedicar parte de seu tempo ao desfrute da boa mesa, sem a necessidade de dispender enormes fortunas. Claro, há exceções que se fazem obrigatórias e sinto-me imbuído a dividi-las com vocês.
O restaurante aduzido hoje é, na verdade, uma meia exceção. Se não é propriamente caro, tampouco pode ser intitulado barato. Entretanto, considerando como diferencial a qualidade do preparo, a apresentação de seus pratos e o frescor de seus ingredientes, chegaremos à conclusão de que é legítimo cada centésimo de euro gasto, e me arrisco a dizer que, se duplicassem suas cifras, ainda assim as pagaria de bom grado.
O Ristorante All'Oro nasce em 2007, como resultado da colaboração do chef Riccardo di Giacinto, de sua mulher Ramona e sua cunhada Carmela. O local escolhido está situado no coração da Zona Parioli, vizinhança romana relativamente próxima à histórica via Veneto e à esplêndida Villa Borghese.
Antes de prosseguir, faço uma observação: o restaurante é muito escuro (praticamente à luz de velas) e todas as fotografias que tirei com flash saíram alvacentas. Por sorte, encontrei algumas imagens no google, portanto, sempre que possível, substituirei minhas "obras de arte" por outras, de melhor qualidade, para facilitar a ilustração do texto.
Seu ambiente é moderno e elegante, sem ser pedante. Destaca-se, essencialmente, pela sua informalidade e intimidade, com não mais que vinte e quatro confortáveis assentos, dispostos em uma pequena sala dominada pelas cores branco e, obviamente, áurea.
O All'Oro introduz uma cozinha criativa, radicada nos sabores da tradição: o chef reinterpreta, com grande paixão e personalidade, imortais clássicos italianos, utilizando-se de técnicas contemporâneas, porém jamais desrespeitando suas origens. Tudo é rigorosamente feito na própria casa, dos pães aos grissini, passando pelas massas e folhados e culminando nos doces e petit-four.
Seu ambiente é moderno e elegante, sem ser pedante. Destaca-se, essencialmente, pela sua informalidade e intimidade, com não mais que vinte e quatro confortáveis assentos, dispostos em uma pequena sala dominada pelas cores branco e, obviamente, áurea.
O All'Oro introduz uma cozinha criativa, radicada nos sabores da tradição: o chef reinterpreta, com grande paixão e personalidade, imortais clássicos italianos, utilizando-se de técnicas contemporâneas, porém jamais desrespeitando suas origens. Tudo é rigorosamente feito na própria casa, dos pães aos grissini, passando pelas massas e folhados e culminando nos doces e petit-four.
Todo este cuidado rendeu ao All'Oro uma preciosa estrela no Guia Michelin. Para vocês terem noção, Roma possui cerca de 3.300 restaurantes e pizzarias em seu perímetro urbano e somente onze deles perceberam esta glória. Deste modo, observa-se como o All'Oro tem pedigree, apesar de ser uma instituição jovem.
O menu oferece duas opções de degustazione, com 4 ou 6 pratos ( € 69 ou € 85). Lembrando que esta é uma daquelas casas que serve refeições de tamanho diminutos.
Ao contrário de demais restaurantes do gênero, o All'Oro dá ao cliente a liberdade de escolha dos pratos. Achei divertido montar o meu jantar e o cardápio ajuda, pois é enxuto: são apenas 5 seleções de antipasti, 5 de primi, 5 de secondi e 5 de dessert.
A foto acima, corresponde ao couvert da casa. São cinco tipos de pães, caprichosamente ordenados em um simpático cesto e acompanhados por um azeite extra-virgem da região do Lazio.
Junto ao couvert, aterrissou na mesa, um amuse-bouche do chef. Tratava-se de um levíssimo canapé de polvo marinado e desfiado. Prenúncio de que aquela seria uma noite própria a fidalgos, e não para simples plebeus.
Meu primeiro prato foi o Tiramisù di Baccalà e patate con lardo di Cinta Senese. Certamente, além de belo, uma das melhores escolhas da noite. O creme é rico em sabor, acentuado pelo gosto da banha de porco Cinta Senese, prestigiosa raça de suínos.
Segui com este Rocher di Coda alla Vaccinara con Gelee di Sedano. Aqui o chef abusa da criatividade: imaginem que isto nada mais é do que rabada, porém desconstruída e remontada para assemelhar-se a um singelo bolinho de carne. Adorei a geléia de aipo, que rendeu um corte no gosto encorpado da carne.
Com o término dos antipasti, deu-se lugar às massas, um dos pontos altos da noite. O Spaghetti Mario Monti faz uma brincadeira com um clássico da cozinha marchegiana, o spaghetti mare e monti, e o primeiro ministro italiano Mario Monti, gestor da Itália em época de crise econômica. Explico: o spaghetti mare e monti é uma receita substanciosa, composta por diversos ingredientes custosos, tais como cogumelos, frutos do mar e uma gama de legumes. Contudo, o spaghetti Mario Monti leva tão somente cebola, em formas de creme, tempero e granulados crocantes. Sobressai, principalmente, o ponto do spaghetti, bastante al dente.
Imediatamente após, avistei o prato que mudou meu conceito de massa. Sem exageros ou demagogia, jamais provei algo como este Raviolini di Mascarpone con Ragout di Anatra e Riduzione di Vino Rosso. A particularidade é que pato não é o recheio do raviolini, mas integrante do molho. O que ocupa todo o interior da massa é o queijo mascarpone, liquefeito, fumegante, absurdamente divino.
Fui terminantemente proibido, pelo maitre da casa, de partir a massa na louça. Em suas chocantes palavras "isto seria um assassinato, e o queijo sairia como sangue. O correto é desfazê-la, com um estrépito, no seu palato". Dito e feito. Tão logo levei o garfo à boca, senti-me imerso em um mundo até então ignoto. Sem dúvida alguma, o melhor da noite!
O secondo piatto, que, na realidade, era o quinto, chamava-se La Quaglia... Petto Farcito e Coscia Laccata 'Nduja e Miele, Pure di Patate con il suo Ovetto in Tegame. Traduzindo: A codorna... peito recheado e coxa laqueada com 'nduja (que é um salame pastoso e super picante da Calabria, região do sul da Itália) e mel, sobre leito de puré de batatas e com seu ovo frito. Uma protagonista fabulosa, cuja coxa, tinha consistência quase de manteiga. Uma salva de palmas para a codorna!
Hora da sobremesa e o All'Oro manteve a sua inspiração. O Tutti di Cioccolato era divertidíssimo. Ali, tinham-se diversos gostos e texturas do doce feito a partir do cacau: fios de chocolate ao leite, mousse de chocolate meio-amargo, gotas de chocolate branco, trufa açucarada, chocolate em pó e chantilly de chocolate. Senti-me o próprio Willy Wonka!
E, como se não bastasse, quando dei-me por satisfeito e solicitei uma xícara de café, à esta uniu-se o que o restaurante denomina Piccola Pasticceria, ou seja, docinhos variados, como bombom, madeleine, macaron e tartelete.
Por fim, o próprio chef Riccardo di Giacinto saiu da proteção de sua cozinha para apresentar-se e presentear-me com a edição 2012 do Guia Italiano dos Jovens Restaurateurs Europeus (mais uma das muitas delicadezas da casa). Veementemente, indico o All'Oro a todos que almejam uma refeição inesquecível em Roma. E, admitamos, após verem e lerem o post, este não mais lhes parece um restaurante caro, não é mesmo?
ENDEREÇO:
Via Eleonora Duse 1E, Zona Parioli, Roma
Horários: terças a sextas, das 12:30 às 2:30; segundas a sábados, das 19:30 às 23h
Tel. +39 06 97996907
http://www.ristorantealloro.it/fisso/ita/home.html